Comemoramos hoje o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa . Só quem perdeu sob as armas dos regimes fortes a liberdade plena de falar , pensar , escrever e divergir é que pode avaliar em toda a sua profundidade o que significa a extinção desses direitos . Sofremos isso na pele aqui no Brasil , durante os 21 anos em que vigorou o governo militar instaurado em 1964 , para impedir que Jango e Brizola nos mergulhassem numa tenebrosa República Sindicalista . Os verdadeiros democratas , na época , não apoiavam a corrida suicida armada pelo PTB e seus congêneres da esquerda radical . Mas não apoiávamos , ígualmente , a perda das liberdades fundamentais sob o regime que ajudamos a vencer . Eu era redator de política internacional do "Estadão" , quando a censura à Imprensa se tornou mais forte e severa . Tínhamos um militar permanentemente de plantão na redação da Rua Major Quedinho , para vigiar e tolher nossas atividades . Muitos jornais sucumbiram diante da força . Jamais o "Estadão" . Tendo á frente um dos maiores e mais corajosos jornalistas da história da Imprensa brasileira , Júlio de Mesquita Filho , aprendemos com êle a reagir e a lutar . Êle nos ensinou a ter coragem . A gritar . A dizer "não" aos que tentavam sufocar a nossa voz e prostituir a nossa pena . Na foto que ilustra essa matéria , apareço abraçando Júlio Mesquita em dezembro de 1964 , quando êle já protestava veementemente contra a censura que o jornal sofria . Até que vencemos . E nos tornamos tão fortes que sequer o popularesco presidente Lula da Silva , recentemente , conseguiu fazer aprovar uma lei que subjugava a liberdade de Imprensa , muito embora o "Estadão" tenha sido censurado por quase 300 dias ao tentar divulgar um mal-feito da família Sarney . Agora , com um seminário realizado na capital fluminense pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro , o Brasil celebra este dia tão especial . Aqui certamente não estarão representantes de Cuba , Venezuela , Irã e tantos outros países sufocados pelo medo e pelo terror . Mas nós estaremos com êles , torcendo por um breve alvorecer de sua liberdade .
2 comentários:
Waldo, muito oportuna e necessária sua lembrança desses fatos! O tempo passou e só os revanchistas se recordam dos dias negros por que passamos! Censura NUNCA MAIS!
Eduardo : jovens ainda , fomos companheiros e lutamos a mesma luta pela liberdade e pela democracia no Brasil . Estivemos e estamos no lugar certo . É isso o que interessa .
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